segunda-feira, 16 de agosto de 2010

A verdadeira corrente do bem

Oração do Pobre. Corrente poderosa, não falha nunca, passe adiante.
 
Volta e meia eu recebo e-mails com mensagens de amor, fé e com de auto-ajuda. Em geral considero tudo como lixo eletrônico. Não que eu seja um homem sem fé ou não necessite de um “empurrãozinho” para me animar, mas a grande maioria é mal escrita, ou fala do obvio ululante, ou tem furos em suas historinhas ou pior prega uma fé fora da realidade. Eu odeio correntes. Não repasso, por pior que seja a praga rogada para quem não o fizer. Porem como toda a pessoa que prega moral de cuecas me arriscarei a fazer minha própria corrente. E não se preocupe que não enviarei para o seu e-mail, muito menos farei um power point com musiquinhas e imagens bonitinhas. E se acaso alguém quiser reproduzir minhas palavras, tenham a decência de não colocar como autor o pobre do L.F. Veríssimo, muito menos Shakespeare. Podem até colocar o seu próprio nome, mas jamais digam que estas ilustres pessoas escreveram uma droga como esta:
 
            Hoje eu faço uma oração a Deus. Que minhas preces, que já foram em muito atendidas, tenham mais uma vez recepção por parte do altíssimo.
            Senhor, não permita que eu ganhe na mega-sena. Muito menos na acumulada. Livrai-me dessa prova. Sei que não serei capaz de suportar tamanha carga. Conheço minhas fraquezas. Eu que já sou mesquinho, me tornaria um escravo do dinheiro. Eu que quase não bebo, por pura falta de dinheiro, me tornaria um alcoólatra, e certamente muitos ao meu redor compartilhariam da mesma garrafa. Se já sou arrogante apesar de minha pobreza, nem quero pensar naqueles que me servirão. Senhor não permita que eu possua um carro veloz. Não deixe que aumente o numero de vitimas de motoristas imprudentes que não sabem andar dentro do limite de velocidade. Se as rodas são inspiração divina o acelerador é coisa do demo. Se eu ficar rico corro o risco de atropolar muitos pedestres, de fazer racha, de matar e morrer somente pelo prazer de correr. E o poder do dinheiro me fará pensar que estou acima das leis humanas e espirituais. Serei mais um a brigar num simples acidente de transito. Livrai-me dessa sina.
 Hoje vivo feliz e fiel ao lado de minha mulher. Mas o dinheiro atrai as mas companhias e mesmo que não caia em tentação o ciúme e o assedio são proporcionais a conta bancaria de um homem.
  Hoje a única coisa que me preocupa são as dividas a pagar. Rico, teria que me preocupar com o imposto de renda, com as pensões para mulheres e filhos, com os advogados, contadores e empregados. Viveria uma paranóia de que todos querem me roubar. Não dormiria direito preocupado com a segurança, com os raptos, com a política externa, com a variação do dólar. Os problemas seriam como minha fortuna: milionários. A cama mais luxuosa, no quarto mais confortável não me permitiam ter uma noite tranqüila de sono.
O dinheiro me faria viver no ócio, comer e beber até me estragar, comprar coisas inúteis que só me fariam sentir-me mais inútil ainda. Eu deixaria de apreciar o simples e o belo e compraria a ilusão mais cara que o dinheiro pode ter. E nos momentos em que a lucidez batesse a minha porta, nos raros momentos de sobriedade, pensaria em quão vazia seria esta existência.
Talvez alguns me perguntam se não seria mais simples deixar de jogar. Ai está o poder da fé. Deixar que nossos desígnios estejam nas mãos de Deus. Acreditar que ele sabe o que é melhor para cada um de nos. Se é de sua vontade me submeter a esta provação, saberei aceita-la resignadamente. Jesus já dizia: O senhor não nos dá fardo mais pesado do que possamos carregar. O fardo da pobreza é muito mais leve que o da riqueza. Não cabe a mim recusar o que me é dado. Embora eu diga: Pai, afasta de mim este cálice. Não me recusarei a beber dessa bebida amarga.
Tenho confiança que minhas preces serão atendidas. Sempre que posso, faço um jogo simples na mega-sena. Não para colocar minha fé ou Deus a prova, mas para não atrapalhar a tarefa divina se esta for a vontade do Senhor. Até agora Deus tem ouvido as minhas preces, amem.
 
 
Leandro Oliveira de Almeida

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